Crédito: Embraer/Divulgação.
02/04/24
Aviação privada no Brasil cresceu acima do esperado em 2023
Em evento na capital paulista, Rogério Andrade, CEO da Avantto, explicou que as novas regulamentações do setor aliadas a investimentos em infraestrutura e maior demanda por acesso a destinos sem aeroportos comerciais impulsionaram a performance de forma surpreendente no ano passado.
Tempo de leitura: 04 minutos
Por Avantto
Em 2023, o mercado de aviação privada brasileira viveu uma inesperada aceleração do crescimento, impulsionado por novas regulamentações que disciplinaram o setor, investimentos em infraestrutura e maior demanda por deslocamentos a destinos sem cobertura das companhias aéreas comerciais.
A análise é de Rogério Andrade, CEO da Avantto, em recente participação no fórum de negócios “Corporate Jet Investor – Latin America 2024”, ocorrido nos dias 5 e 6 de março, em São Paulo.
Segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), o País fechou o ano passado com um aumento de 2,4% na frota nacional do segmento, alcançando um total de 9.824 aeronaves, entre turboélices, jatos, aviões com motores convencionais e helicópteros.
Como speaker no painel “Opportunities in South American Business Aviation”, o executivo destacou que “a cultura de uso de aeronaves privadas já é presente no País. A boa notícia é que se compararmos com o mercado consumidor potencial, existe ainda muito espaço para crescimento”, avalia Andrade.

O CEO espera que o mercado interno continue próspero nos próximos ano. Para tanto, ele entende como necessário o equilíbrio de três pilares: capacidade econômica das pessoas, demanda por mobilidade aérea e maturidade aeronáutica do mercado.
Dentre os motores da demanda estariam a necessidade por acesso a pontos não atendidos pelas companhias aéreas, como forma de atender turistas e proprietários de imóveis de segunda residência para férias e lazer. No país, há somente 300 aeroportos comerciais contra cerca de 3,5 mil pistas de pouso e helipontos.
“Há cerca de cinco mil imóveis de alto padrão, por exemplo, somente no litoral e interior de São Paulo e Rio de Janeiro. Outros destinos de lazer, principalmente na região Nordeste, também estão se tornando populares para o público potencial, mas contam com pouquíssimos ou nenhum voo comercial direto e o acesso até esses locais geralmente é feito por estradas de pista única e malconservadas. Esta é uma lacuna de mercado que as aeronaves privadas podem preencher muito bem”, explica Andrade, reforçando a questão da necessidade de uso.

Adicionalmente, viajantes de negócios, especialmente aqueles com necessidade de deslocamento fora dos principais hubs de aviação comercial, perderiam muito tempo em viagens convencionais. A previsão de R$ 120 bilhões em investimentos nas melhorias dos aeroportos e a estimativa governamental de 120 novos terminais aeroportuários a serem construídos no Brasil até 2026 seria um alento neste sentido.
No que diz respeito à legislação, Rogério Andrade enalteceu medidas como a MP Voo Simples, que trouxe uma série de contribuições para o setor, e a certificação de novas modalidades de serviço como o regulamento RBAC-91K de Administrador de Propriedade Compartilhada.
O segmento de compartilhamento tem tido grande aceitação no mercado brasileiro. A Avantto, líder na América do Sul neste modelo de negócio, com mais de 450 usuários ativos realizando 1,4 mil decolagens mensais, registrou crescimento de 23% no faturamento em 2023, na comparação com o ano anterior.
Para Rogério, é hora de aproveitar o bom momento para continuar ampliando as frentes do negócio. “Sempre operamos com os modelos de aviões e helicópteros mais modernos do mercado, atendendo as mais variadas necessidades de transporte executivo e de lazer. Com o sistema de compartilhamento de aeronaves, garantimos 100% de disponibilidade nas solicitações de voo, reduzimos o investimento na aquisição dos ativos e os custos fixos mensais dos cotistas que, quando voam, só pagam pelos custos variáveis – isso leva a uma redução de até 95% do investimento e despesas. Essa estratégia, combinada ao cenário promissor do segmento no Brasil, nos levou a este crescimento e pretendemos continuar assim nos próximos anos”, finaliza.

Corporate Jet Investor
Com sede em Londres (UK), a empresa Corporate Jet Investor foi criada em 2010 com o objetivo de fomentar o setor de aviação executiva. Desde então, já realizou conferências na Europa, Estados Unidos, Dubai e, neste ano, estreou na América Latina com o evento em São Paulo.
Em nota, a companhia justificou a escolha do Brasil para a realização do evento. Segundo o texto, um estudo da FAA apontou que a aviação privada sulamericana crescerá 4,5% ao ano até 2034. E o Brasil deverá liderar essa jornada de expansão: tem a maior frota da região e a melhor infraestrutura para jatos e helicópteros, atuando como um hub para toda a América Latina.
Além disso, no entendimento da organização, haveria um grande potencial de crescimento para todos os segmentos de mercado na região. A renovação da frota é um destes motores, já que 25% das aeronaves em operação teriam mais de 30 anos. O volume de jatos e helicópteros por aqui é o segundo maior do mundo e deve corresponder a 15% da frota global.